Por dois anos, 25 hospitais se comprometeram a registrar informações sobre infartos atendidos
Fonte: Site Zero Hora - 27 de julho de 2010.
Pela primeira vez no Brasil, pesquisadores terão acesso a dados completos sobre infarto no país. Vinte e cinco hospitais brasileiros se comprometeram a registrar, por dois anos, informações sobre todos os infartos atendidos no período. Isso inclui o tempo entre o sintoma inicial e o primeiro atendimento, o tipo de medicação e procedimento adotado e também todo o trabalho de prevenção das doenças cardiovasculares.
O objetivo é montar um banco de dados informatizado onde seja possível traçar a realidade brasileira de atendimento no setor. A Sociedade Brasileira de Cardiologia credita as 315 mil mortes anuais por problemas cardiovasculares à carência nos serviços.
— As lacunas no atendimento são tão grandes, que acredita-se que 60% dos infartos que ocorrem na periferia de Belo Horizonte, por exemplo, não são atendidos nas duas horas após os primeiros sintomas, justamente a janela durante a qual o pronto atendimento multiplica a possibilidade de sobrevivência do paciente — afirma Jorge Ilha Guimarães, presidente da SBC.
A assinatura do convênio de parceria para a pesquisa será na quarta-feira e envolverá a SBC e o Instituto de Estudos e Pesquisas da instituição. O coordenador do projeto é o cardiologista Luiz Alberto Mattos.
Para Jorge Ilha, a falta de pesquisas na área dificultava tanto a prevenção das doenças cardíacas, como a definição de políticas públicas de saúde, como também o tratamento.
— Enquanto países como Inglaterra e Portugal comparam seus Registros de eventos cardiológicos nos Congressos, para identificarem diferenças e otimizarem o atendimento, para reduzir ao mínimo a mortalidade por razões cardíacas — diz ele, no Brasil as doenças cardiovasculares são campeãs de óbitos, matando mais inclusive do que todos os tipos de câncer somados.