Fonte: Site SIMERS - 11 de abril de 2012.
A vistoria realizada pelo Ministério Público Estadual no Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro do Sul (PACS) comprovou hoje a paulatina desativação do laboratório do SUS instalado na instituição. Desde novembro, os materiais para exames são encaminhados para uma empresa terceirizada (casos eletivos) ou aos hospitais de Pronto Socorro, Clínicas e Presidente Vargas (urgências de baixa complexidade). Das 5h às 22h, quem realiza o serviço de transporte é uma empresa contratada pela prefeitura e, nos demais horários, a tarefa fica a cargo de ambulâncias de baixa complexidade do posto, desprovidas de técnico de enfermagem. Afora isso, pacientes reclamam da demora excessiva por atendimento, e funcionários denunciam a ociosidade do bloco cirúrgico.
O conselheiro do SIMERS, Lúcio Barcelos, acompanhou a passagem da promotora de Defesa dos Direitos Humanos Marinês Assmann pelo posto. Ele foi o responsável por alertá-la acerca da terceirização dos exames laboratoriais, com o uso de empresa de transporte de materiais infectados. “A realização de análises na área de baixa complexidade, que serve aos pacientes que procuram o pronto atendimento com relativa gravidade, está praticamente desativada”, contou. “O laboratório realizava 30 mil exames por mês, e a área técnica local se prontificou a dobrar a produção, porém o contrário aconteceu. O paciente chega aqui em situação complicada, deveria ter seu material coletado e o exame feito em uma hora, e agora o retorno demora cinco vezes mais”. O trabalho atual se resume aos casos de carga viral e hepatite. “Eu não encontro justificativa plausível para o município fazer isso”, protesta.
A imprensa não teve acesso ao setor, mas outros funcionários corroboraram a versão de Barcelos. O motorista José Carlos Tavares, responsável por uma das ambulâncias, admitiu o transporte de material humano para exames no HPS e HPV. “Faço isso sozinho, porque não liberam técnico de enfermagem para acompanhamento. E se ocorre algum problema no trajeto?”, questiona. O auxiliar de enfermagem em saúde mental, Luiz Prestes, também confirmou o relato, bem como seu colega Jair Rodrigues.
A promotora Marinês afirmou que o MPE quer mais celeridade na tomada de providências por parte do município. “Vamos oficiar município a respeito das questões apuradas para, a partir das respostas, poder empreender as medidas pertinentes. A Secretaria de Saúde promove modificações, mas queremos uma velocidade maior nisso, para qualificar o serviço vital à comunidade”. Ela ressaltou, no entanto, o caráter precoce da avaliação. “Vamos analisar todas as denúncias por escrito”.
Conforme a promotora, o centro cirúrgico poderia ser melhor aproveitado, porque fica quatro dias inoperante por falta de médicos, os recursos humanos necessitariam reforço para atender a população. O SIMERS verificou que três em cada 10 pacientes vão embora antes de verem o médico (cerca de 300 pessoas por dia), em decorrência da espera de 8h em média. “É uma situação incompreensível que o município não tome as providências mínimas necessárias”, protestou Barcelos.