Fonte: ABRASUS - 17 de maio de 2012.
A Associação Brasileira em Defesa de Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) realizou na manhã do dia 16, mais uma visita a hospitais e postos de saúde a fim de verificar as condições de atendimento à população e oferecer os serviços jurídicos da entidade. Além disso, as dirigentes da Associação aproveitaram a oportunidade para divulgar o Movimento Saúde Rio Grande - Cumpra-se a lei que tem o objetivo de alcançar a marca de um milhão de adesões ao abaixo-assinado para que o governo estadual aplique 12% da receita corrente líquida em saúde.
A creche da Associação dos Moradores da Vila Nair, que atende a 95 crianças, 85 delas mantidas pelo município, foi a primeira parada. Seu presidente, Vicente Cassol, confirmou a realidade existente em quase todos os postos e unidades de saúde: a falta de médicos, especialmente clínicos. Na conversa com a presidente da Abrasus, Terezinha Alvez Borges, Vicente afirmou que o maior problema da comunidade formada por dez mil moradores, mesmo sendo cercada por quatro postos e um pronto-atendimento, é o acesso à Saúde Pública. “Para nós, hoje a violência caiu para terceiro lugar no quesito prioridade. A Saúde é o clamor de todos”, afirmou Vicente.
Na Unidade de Saúde Básica Getúlio Vargas, localizada na Vila Vista Alegre, a realidade constatada não mudou. Apenas dois médicos atendem cerca de 7 mil famílias, num espaço físico pequeno e de precárias condições. A funcionária Administrativa, Sônia Rejane Fagundes relatou às dirigentes da Abrasus que a UBS não tem médico ginecologista-obstetra, computador e nem mesmo uma máquina de escrever para redigir relatórios e outros documentos. Por meio do Orçamento Participativo, os moradores da Vista Alegre aprovaram a destinação de verba para ampliar a unidade, mas até agora inexiste qualquer esboço de obras no local.
O encerramento da visita se deu no Hospital Padre Jeremias. No estabelecimento foram coletados depoimentos de alguns usuários. Em todos, a queixa por não encontrar atendimento inicial nos postos de saúde, dificuldade em obter consultas com especialistas, e demora, muita demora. Como resultado da ineficência na base do Sistema, os usuários alegaram não ter outra alternativa senão procurar a emergência hospitalar. Um jovem acompanhado do pai buscava um diagnóstico para uma dor abdominal que o incomodava há três dias. Semanas antes também procurara o Hospital para uma dor semelhante. Como não conseguiu atendimento com um gastroenterologista, e o incômodo persistia, foi obrigado a recorrer à consulta e endoscopia em rede privada de saúde. O relatório das visitas, somado a outras já realizadas, irão compor um dossiê a ser entregue pela Abrasus às autoridades de saúde do Estado.