Secretaria Estadual da Saúde aposta no remédio para evitar o agravamento dos casos
Fonte: Site Zero Hora - 16 de julho de 2012.
Com o estoque de vacinas contra a gripe A praticamente zerado no Rio Grande do Sul, o governo estadual aposta no tratamento com o Tamiflu para eliminar o risco de mais mortes. O medicamento, que ameniza os sintomas da doença e reduz o risco de complicações, é a arma do sistema público de saúde para o período em que o vírus tradicionalmente atinge o seu pico, a segunda quinzena de julho.
A Secretaria Estadual da Saúde garante que não vai haver falta do remédio. Cem mil caixas já foram entregues aos postos de saúde gaúchos, para distribuição gratuita a quem apresentar receita médica.
— Poderemos pedir mais unidades ao Ministério da Saúde, se houver necessidade — garante Marilina Bercini, chefe da divisão de vigilância epidemiológica da secretaria.
A vacina ainda disponível na rede pública limita-se a alguns municípios onde as doses não foram totalmente utilizadas. Caxias do Sul, por exemplo, ofereceu no sábado 15 mil unidades aos seus habitantes. Como a oferta também é escassa em clínicas privadas, a orientação é redobrar os cuidados preventivos e procurar um médico em casos suspeitos. Os profissionais foram orientados a receitar o antiviral Oseltamivir, conhecido comercialmente como Tamiflu, aos pacientes que apresentarem sintomas preocupantes.
O alerta é necessário porque este é o momento em que a circulação do vírus da gripe A deve atingir o seu pico. A curva descendente começaria apenas depois de 20 de julho. Até ontem, havia confirmação de 29 mortos no Estado, o maior número desde a pandemia de 2009. O secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, explica que a previsão de pico baseia-se no comportamento do vírus H1N1 nos últimos três anos.
— Historicamente, aconteceu neste período, mas pode variar, ocorrendo um pouco antes ou depois — disse o secretário.
Segundo o secretário, porém, não se espera nada parecido com 2009, ano em que a doença deixou 297 vítimas no Estado:
— Naquele ano, não houve vacinação, e o Tamiflu era raro. Neste ano, vacinamos um quarto da população, e a medicação está disponível gratuitamente para todos. Monitoramos diariamente os estoques e deslocamos mais medicação antiviral para onde há mais demanda.
Como a campanha de vacinação nos postos de saúde da Capital terminou, assim como em muitos municípios do Interior, aliada à falta de vacinas também nas clínicas particulares, resta a prevenção para evitar o temido vírus. Epidemiologista do Hospital de Clínicas, Jair Ferreira observa que o momento exige um cuidado redobrado da população:
— O vírus está circulando. É preciso evitar aglomerados, embora isso seja mais difícil no inverno, higienizar as mãos com frequência e, assim que aparecer um sintoma de gripe, iniciar o tratamento rapidamente.
Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde (MS) anunciou a vinda de três técnicos de Brasília, que se juntariam aos profissionais da Secretaria de Saúde para elaborar um diagnóstico que busque entender a mortandade no Estado e, além disso, ajude na construção de uma nova estratégia de vacinação para 2013.