Fonte: ABRASUS - 30 de agosto de 2012.
Buscando disseminar cada vez mais os problemas que o crack traz aos dependentes e suas famílias, a Associação Brasileira em Defesa dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) promoveu na tarde de quarta-feira (29) uma palestra no auditório da sua sede. Ministrada pelo médico sanitarista e diretor do Museu de História da Medicina (MHUM) Germano Bonow e pelo médico psiquiatra e diretor do Sindicato Médico do RS (Simers) Bruno Costa.
- O crack é a cocaína de antes sob uma nova forma. Proporciona um prazer muito rápido para quem consome e se torna um martírio depois, fazendo com que o dependente procure sempre mais – destacou Costa.
Dados apontam que a cocaína é consumida por 0,3 – 0,4% da população mundial. Durante a palestra foram apresentadas ainda as áreas que a substância atinge, sendo principalmente o cérebro.
- O tratamento que Sistema Único de Saúde oferece é de 21 dias. Essa não é uma medida que possamos chamar de inteligente. Inteligente é que o paciente seja tratado adequadamente já que os casos são distintos – explica o diretor do Simers.
Em 2012 completaram 10 anos da Lei Antimanicomial sem nenhuma revisão da mesma. Esse foi um dos pontos que Bonow apresentou, além de apresentar um estudo realizado pelo Simers nos 14 hospitais que possuem leitos ou alas psiquiátricas. Há 1.168 leitos na Capital, destes, 621 não fazem parte da rede do SUS.
- É urgente que seja facilitado o acesso das pessoas que precisam de tratamento mental, seja em hospital geral, especializado ou no CAP’s (Centros de Atenção Psicossocial). Elas precisam de acompanhamento de médicos psiquiatras – apontou Bonow.
O diretor do MHUM salientou ainda que as drogas lícitas são a porta de entrada para todas as outras, além disso, o álcool é responsável por 70% das internações no total das drogas.
No final do evento um ex-usuário de crack de 21 anos, compartilhou sua história com os presentes.
- Comecei com a maconha e álcool, aos 13 anos já consumia de forma expressiva. Busquei refúgio nas drogas diante de problemas com a família. Mas isso me afastou cada vez mais deles. Somente em 2009 veio o desejo de parar de usar e procurei ajuda – declarou.
O jovem admitiu ainda: “já não era mais eu quem consumia a droga, ela que me usava”. A presidente da Abrasus, Terezinha Alves Borges, agradeceu a participação dele destacando como o ponto máximo do evento, pois mostrou que é possível se recuperar, trazendo esperança para outras famílias.