Aumento está relacionado à transmissão da doença dos adultos para as crianças
Fonte: Site Zero Hora - 26 de setembro de 2011.
O número de casos confirmados de coqueluche no país dobrou no primeiro semestre deste ano em comparação a todo o ano de 2010. Até agosto, foram registrados 583 casos, contra 291 no ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. As crianças são o grupo mais suscetível à coqueluche.
Apesar do aumento de casos este ano, o ministério nega um surto da doença no país. De acordo com o governo federal, a cada cinco anos, ocorre uma elevação no número de casos e, depois, eles voltam a cair. A sazonalidade está relacionada ao percentual de cobertura vacinal das crianças a cada ano, já que estima-se que 5% das crianças deixam de ser vacinadas e, com decorrer do tempo, ocorre um acúmulo de pequenos sem proteção.
O calendário prevê a vacina contra a coqueluche junto com a de difteria e tétano, a partir dos dois meses de idade até os sete anos de idade e protege por quase uma década.
O governo não cogita incluir a vacina para adultos nos postos de saúde por não considerar uma estratégia eficiente, já que menos de 30% da população adulta aderem às campanhas de vacinação. A recomendação das autoridades de saúde é reforçar a vacina entre as crianças e que os pais atualizem o cartão de vacinação dos filhos. O ministério destaca que, na década de 90, o país registrava mais de 15 mil casos de coqueluche por ano. Com o uso da vacina, os números passaram a decrescer.
Para o pediatra José Hugo Pessoa, o aumento de casos de coqueluche está relacionado à transmissão da doença dos adultos para as crianças. Na fase adulta, a coqueluche se manifesta de forma leve e, muitas vezes, é confundida com outras doenças. Por isso, os adultos podem transmiti-la às crianças sem saber.
Na infância, principalmente entre os menores de um ano de idade, há maior risco de complicações, como o desenvolvimento de pneumonia.
— Nos adultos, a gravidade é pouca. Nos primeiros meses de vida, tem mais complicações. É um sinal de alerta — disse o médico.
Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche atinge o sistema respiratório provocando acessos de tosse em uma única respiração, conhecida como tosse comprida.
A doença também causa dificuldade de respirar e vômitos pós-tosse. A doença é transmitida ao falar, tossir ou espirrar.