Doença é de difícil diagnóstico, pois sintomas são facilmente confundidos com outros males
Fonte: Site Zero Hora - 08 de dezembro de 2011.
Mais difícil que ter uma doença capaz de incapacitar seu portador para as atividades cotidianas é que esse quadro venha acompanhado de sintomas de difícil detecção. Por isso, uma campanha liderada especialmente pela Associação dos Portadores de Lúpus do Vale do Sinos trata de fazer dois apelos: que bloqueadores solares sejam considerados remédios — e não cosméticos — e que o governo abra campanha de esclarecimento.
O drama dos portadores de lúpus aumenta no verão. Isso porque a doença pode ser potencializada pelo sol forte. Por isso, a importância do bloqueador solar.
— O governo deveria entregar bloqueadores solares para os portadores de lúpus. É um problema de difícil detecção, porque pode se apresentar com vários sintomas. Pode ser confundido com uma anemia profunda ou com leucemia, por exemplo. Muitas vezes o problema não é investigado como deveria. Os pacientes também encontram dificuldade para receber os benefícios, pois aparentemente não têm nada — diz a presidente da associação, Izabel Oliveira, 49 anos.
Izabel, que chegou a ter sua doença confundida com problemas na coluna, tem ido frequentemente até a Secretaria Estadual da Saúde para pedir a ajuda do governo aos seus representados — mais de 150 pessoas de diversos municípios do Estado.
No âmbito legislativo, tramita no Senado, desde 2003, projeto do senador gaúcho Paulo Paim (PT) que pede a inclusão do lúpus, da epilepsia e da artrite reumática na relação de doenças graves cujos portadores fazem jus aos direitos e benefícios da Previdência. Na Assembleia, um projeto de 2007, do deputado Luciano Azevedo (PPS), enfrenta a morosidade burocrática para dar caráter de medicamento ao bloqueador solar e para fazer o governo abrir campanhas de esclarecimento.
O lúpus eritematoso sistêmico (há também o cutâneo) é doença crônica de causa desconhecida e provoca alterações no sistema imunológico. O portador desenvolve anticorpos que reagem contra as suas células normais, podendo ter afetadas a pele, as articulações, rins e outros órgãos.
Portadora de lúpus, Maria José Fernández, 45 anos, conta que não consegue trabalhar e tem seu fôlego para as atividades do dia limitado.
— Busco auxílio-medicação do Estado e benefício de auxílio-doença desde 2008. Tive todos os pedidos negados— diz Maria José.
O médico reumatologista Adriano Barbiero diz que os sintomas são detectados de forma mais fácil por especialistas.
— É importante olhar bem o paciente. A doença é multissistêmica, aparece na pele, nas dores articulares e nos rins. Quem não trata pode chegar até à falência renal — alerta.