UTI improvisada transfere doentes
Fonte: Site Correio do Povo - 23 de abril de 2012.
Um paciente morreu sábado após esperar desde a manhã de sexta-feira por vaga em uma Unidade de Tratamento Intensivo.
Todos os seis pacientes que aguardavam por um leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) na sala de politraumatizados do Hospital Centenário, de São Leopoldo, já foram transferidos. A situação foi exposta após o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) vistoriar o local, no sábado, e verificar as condições improvisadas em que os pacientes se encontravam. De acordo com o sindicato, não havia vagas na UTI, e a central de leitos do Estado não teria conseguido lugar em outros hospitais.
Um sétimo doente, Alessio Machado, 66 anos, que sofria de insuficiência cardíaca, morreu no sábado após esperar desde a manhã de sexta-feira por uma transferência. Conforme o Simers, os pacientes, a maioria com mais de 65 anos e com enfermidades crônicas, estão agora em leitos regulares e em melhores condições de atendimento.
Segundo a diretora do Simers, Clarissa Bassin, as pessoas estavam em um ambiente provisório, cujo tempo de permanência deveria ser de no máximo 48 horas e que não conta com equipamentos necessários a uma UTI. Após a visita ao hospital, Clarissa foi ao Ministério Público Federal e também registrou ocorrência na Polícia Civil. O Simers pretende cobrar dos gestores públicos a compra de leitos para esses pacientes na rede privada.
A ação do sindicato está baseada na decisão judicial que manteve o hospital em funcionamento. "A sentença diz que o médico tem que determinar o que pode ser atendido. Caso não possa, o gestor tem de providenciar. E o gestor não está cumprindo esta sentença", observou Clarissa. Ela ressaltou, ainda, que o hospital está "acéfalo", uma vez que não conta com um diretor técnico desde sexta-feira.
O vice-presidente administrativo do hospital, Alexandre Angara, informou no sábado que o gestor municipal deve providenciar a compra de leitos. Quanto à ausência do diretor técnico, ele disse que, como a portaria com a exoneração do antigo titular, Breno Milman, não foi publicada, o cargo ainda não está vago. Isso deverá ocorrer hoje. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, o nome do substituto deve ser anunciado no mesmo dia. Milman pediu exoneração do cargo na sexta-feira.
A administração do hospital é investigada pela Delegacia Fazendária do Departamento Estadual de Investigações Criminais por supostas irregularidades. O Sindicato defende a intervenção do Estado na gestão da casa de saúde como única forma de retomar as condições adequadas de administração e atendimento no Hospital Centenário.
Ainda conforme a assessoria do hospital, o sindicato está cumprindo seu papel fiscalizador. A UTI da instituição continuava ontem com lotação máxima. A orientação é para que pacientes graves procurem outras unidades de saúde. Com mais de 250 leitos, o Centenário é o único hospital de São Leopoldo e atende cerca de 90% pelo Sistema Único de Saúde. Mais de 1 milhão de habitantes da região Metropolitana têm o estabelecimento como referência para assistência.