Funcionários reivindicam que a carga horária seja reduzida de 40 para 30 horas semanais
Fonte: Site Zero Hora - 23 de agosto de 2011.
Sem saber da paralisação de servidores municipais da área da saúde, pacientes se dirigiram nesta madrugada ao Centro de Saúde Modelo, no bairro Santana, em Porto Alegre, para tentar marcar consultas médicas. Sob a chuva que atinge a Capital, algumas das pessoas chegaram ao posto por volta de 5h.
A bacharel em Direito Iara Bittencourt, 65 anos, entrou na fila às 5h15min na esperança de conseguir uma consulta para a irmã, mas encontrou portas fechadas.
— Nos deparamos com um papel em que estava escrito que não teria marcação de consultas na data de hoje — relata a idosa.
Os funcionários reivindicam que a carga horária seja reduzida de 40 para 30 horas semanais. Embora os médicos não estejam em greve, o atendimento é comprometido porque a paralisação envolve técnicos e profissionais como psicólogos, enfermeiros, odontologistas, nutricionistas e fisioterapeutas, entre outros.
Ao Centro de Saúde Modelo, uma paciente levou até um banquinho para esperar o atendimento na rua. As consultas previamente agendadas estão sendo realizadas.
— É só na terça-feira que tem marcação de consulta aqui. A pessoa chega às 5h e fica na rua, com risco de assalto, debaixo de chuva — reclama Iara.
A doméstica Liamar Prestes de Oliveira, 35 anos, também não estava informada sobre a paralisação. Ela havia tentado marcar consulta na terça-feira da semana passada, mas não conseguiu devido à grande quantidade de pessoas na fila. Na ocasião, foi orientada a retornar hoje:
— Preciso mostrar um exame para o médico e não consigo consulta. A gente vai no hospital e nos mandam para o posto, vamos para o posto e nos mandam para o hospital. A gente se sente uma bola, jogada para lá e para cá — lamenta.
A diretora-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Carmen Padilha, explica a questão da carga horária dos servidores em Porto Alegre:
— Já foi aprovado em conferência nacional, estadual e municipal que o mais adequado aos trabalhadores da saúde é atuar 30 horas semanais, em função das próprias condições de trabalho. O governo do prefeito José Fortunati revogou essa instrução normativa e está obrigando o pessoal a fazer 40 horas. Quem ficar com as 30 horas vai perder o regime de tempo integral, que é mais ou menos 50% do salário. Isso deixou o pessoal indignado.